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D. José Cordeiro: “Quando se ama, queremos o maior bem comum”

D. José Cordeiro, Arcebispo Eleito de Braga, concedeu uma entrevista ao “Mensageiro de Bragança”, a primeira após a nomeação, onde faz o balanço de dez anos como Bispo da Diocese de Bragança-Miranda.

O Arcebispo refere uma “atitude de gratidão e memória” pelos dez anos ali vividos e explica que sempre procurou viver numa “atitude de dedicação, de humildade” e de (re)novação da Igreja local. O facto de ter sido o Bispo mais novo em Portugal fez D. José Cordeiro sentir “uma enorme responsabilidade” perante o “grande compromisso”, mas também “enorme confiança e coragem em Cristo”.

“Não é fácil ser bispo na própria Igreja onde crescemos, onde temos relações e convívios da infância, da adolescência, da juventude, mas é possível, confiando mais em Deus do que em nós próprios e, como dizia Fernando Pessoa, «a espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias»”, afirmou. 

Apesar de admitir que ainda há muito a fazer na Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro recordou alguns dos processos que foram dinamizados ao longo de uma década, como a reorganização da Diocese em Unidades Pastorais. 

“Há muitos processos em curso. Como o Papa Francisco tem dito muitas vezes, isto não é para fazer coisas, realizar eventos, nem cumprir planos pastorais, mas é para dar início a processos. (…) Digo que há muito a fazer neste caminho sinodal mais comprometido, de maior participação, comunhão, missão”, explicou. 

D. José Cordeiro considera que “as paróquias são Diocese e é a Diocese que faz as paróquias” e acredita que é preciso “continuar a cimentar a comunhão presbiteral e a comunhão eclesial”.

“Temos de nos sentir todos como um povo santo de Deus e, aí, há muito para fazer. Não é a mudança de estruturas ou a mudança circunstancial que realiza a conversão. Neste muito a fazer está a conversão pessoal, a conversão pastoral, a conversão missionária e todos os desafios que Deus lançar à Diocese”, acrescentou.

Questionado sobre o “momento social difícil” em que Bragança-Miranda se encontrava quando a assumiu, o Arcebispo revelou que o maior desafio para todas as pessoas é sempre a “fidelidade ao Evangelho”.

“Um desafio grande foi, também, a passagem de 12 a quatro arciprestados. Talvez , até, no início, a medida mais difícil de ser tomada. Em relação às Unidades Pastorais, nem tanto, porque o estudo já estava feito. Foi depois um ano de estudo mais aprofundado e, depois, a sua aplicação. Começámos com 40 e, neste momento, temos 18. Quer dizer que houve aqui um caminho de maior consciencialização de unidade presbiteral e de unidade eclesial nas comunidades. Mas ainda há um longo caminho a percorrer”, afirmou.

Sobre a decisão que mais lhe terá custado tomar ao longo destes dez anos, D. José referiu a diminuição de arciprestados e “algumas dificuldades relacionadas com a parte administrativa, a resolução de alguns problemas e conflitos, que existem em toda a parte, até nas famílias”. No entanto, “tudo somado, é de acção de graças e muito positivo, porque as crises, as coisas difíceis, a cruz mais pesada, foi sempre uma cruz mais florida porque vivida com Cristo”.

“Quem não sofre, significa que não ama e, se sofre, é porque ama. Quem não ama, lamenta-se ou critica ou intriga. Mas quando se ama, queremos o maior bem comum. Tenho consciência que entreguei inteiramente a vida a Deus e a esta diocese nos anos que a servi no exercício deste ministério e estará sempre presente no meu coração e na minha história”, disse. 

Já o momento mais marcante terá sido a visita da Imagem Peregrina, que terá deixado o Arcebispo várias vezes comovido com as demonstrações de fé das comunidades. Também a presença do Mosteiro Trapista Santa Maria Mãe da Igreja foi outro dos marcos assinalados por D. José.

Dez anos depois de ter assumido a Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro sente-se uma pessoa diferente e considera que é necessário encontrar, “como S. José e S. Bento, a coragem criativa, a humildade e a atitude correcta”. E sobre a nomeação como Arcebispo de Braga?

“A vida é feita de infinitos recomeços e, ao recomeçar, encaro com fé humilde. E na coragem, na confiança e na esperança de que Deus é maior e que tudo é dom da graça divina”, diz.

A entrevista pode ser lida aqui.

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